Antro de flores
Em minhas viagens pelo mundo humano,
Encontrei, fruto de velhas cegas catas,
Nas mais frias cercanias desta terra,
Um antro de flores loucas putrefatas.
Sob um céu constantemente falso e inerte,
Deglutindo da esperança a vil desdita,
As apodrecidas flores se encantavam
Com o delírio vão da crença mais maldita.
Sonhos impossíveis, mórbidos, divinos
– Das brumosas flores estreita enxovia –
Regurgitavam sempre sobre aquele antro
Despautérios sujos de misologia.
Desejos inatos – da vida alicerce –,
Pelas mentecaptas mentes rejeitados,
Tombavam, criando aquelas podres flores,
No lamaçal da fé do homem sufocados.
Negação do viver, da terra e do corpo
Convertida em flores mortas – cretinismo
Filho da demente sacrossanta praga,
Do lixo que chamam de cristianismo.