A cada instante e a todo instante

A cada instante se abrem as portas,

pelas nossas mãos.

Se abrem as frestas,

nem que seja com o poder de rezas!

Se abrem as vestes,

com ou sem rasgar a costura.

Se abrem os corações,

para acolher nossas emoções.

A cada instante

se abrem as vísceras, expondo as entranhas.

Se abrem os corpos e as chagas dos povos.

Se abrem as rosas, de tantos perfumes.

E entram as solidões,

embalando colisões que invadem os corações,

alvejados por comoções

as quais roubam as ilusões, os enganos...

A cada instante

se abrem as cortinas, e vemos o sol.

Se abrem os cortiços, e sentimos os pós.

Se abrem as cartilhas, e lemos os faróis.

Se abrem as vistas

e desvelamos mundos, vidas escondidas,

os nós...

Se abrem a cada instante, e a todo instante

outras verdades,

por vezes quiméricas!...

(Poema extraído do Livro: "Geografia em poesias: tempos, espaços, pensamentos - Luiz Carlos Flávio).

Luiz Carlos Flávio e Geraldo Taveira
Enviado por Luiz Carlos Flávio em 20/05/2015
Reeditado em 20/05/2015
Código do texto: T5248028
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