A cada instante e a todo instante
A cada instante se abrem as portas,
pelas nossas mãos.
Se abrem as frestas,
nem que seja com o poder de rezas!
Se abrem as vestes,
com ou sem rasgar a costura.
Se abrem os corações,
para acolher nossas emoções.
A cada instante
se abrem as vísceras, expondo as entranhas.
Se abrem os corpos e as chagas dos povos.
Se abrem as rosas, de tantos perfumes.
E entram as solidões,
embalando colisões que invadem os corações,
alvejados por comoções
as quais roubam as ilusões, os enganos...
A cada instante
se abrem as cortinas, e vemos o sol.
Se abrem os cortiços, e sentimos os pós.
Se abrem as cartilhas, e lemos os faróis.
Se abrem as vistas
e desvelamos mundos, vidas escondidas,
os nós...
Se abrem a cada instante, e a todo instante
outras verdades,
por vezes quiméricas!...
(Poema extraído do Livro: "Geografia em poesias: tempos, espaços, pensamentos - Luiz Carlos Flávio).