O mal menor
Os sonhos que erramos por sonhar demais,
Inflam e murcham, ao sabor das horas;
Pois, dado o divórcio entre navio e cais,
então vivenciamos as sinas de animais,
Quando realidade cavalga, crava esporas...
Esperança indômita, segue sendo arisca potra,
Que busca verdes pastos no abrasado deserto;
Morre uma ilusão presto ela casa com outra,
Enverga nova túnica sobre antiga veste rota,
E faz seu barulho, mantém o coração desperto...
Maria que amava ao João que amava Teresa,
Quem desconhece os desencontros funestos?
Às vezes ilusão acende velas, decora a mesa,
então, desilusão prepara sua visita surpresa,
traz sua plêiade de acompanhantes molestos...
claro que nem sempre achamos as chaves ideais,
sempre transpareço nas estrofes que componho;
mesmo se anelo e real se fazem muito desiguais,
os sonhos que erramos por sonharmos demais,
inda são menos maus que a total aridez de sonho...