Pensamentos
Às vezes acho
Que já disse tudo,
E disse mais do que deveria,
Mais do que gostaria.
Dá aquela vontade enorme de silêncio,
De não pensar, não dizer,
Não achar, não concluir,
Não perguntar, não responder,
Não argumentar.
Às vezes acho que já vi demais,
Já ouvi demais,
Já pensei demais.
E vem um cansaço enorme
Não-sei-do-quê.
E então, eu juro que me calo,
E juro que me fecho,
E é justamente nessa hora
Que a palavra bate à porta
E me convida a dizê-la.
E Mesmo sabendo
Que ela nasce e morre,
É proferida e silencia
Nos ouvidos que a colhem
Sem brotar nos corações,
Eu ouço e repito
O que ela me dita.
-Palavra maldita,
Palavra bendita!
Eu já nem sei se sou eu quem te salva,
Ou se és tu que me salva a vida!