Descendo as Margens
Nas águas do rio eu vejo a vida,
Que escoa em sua correnteza,
Nas águas do rio eu vejo o brilho,
Inocência ofusca da beleza.
Descendo no rio sinto as águas,
Molhando meus pés e minhas mãos,
Abro os braços e sinto a leveza,
Sinto o vento na minha contramão.
Viajo na brisa e desato minha veste,
Recebo em meu peito a doce sensação,
Que a vida passa tão breve,
Que toda oportunidade merece atenção.
Subo a margem e me sinto maior,
Só não me sinto mais forte que o rio,
Pois a noite vem e encobre tudo,
E tudo é luto de um breve assovio.
Em mim corre as águas,
De um rio perene e manso,
Suas correntes me fazem ser assim,
Terno em quanto descanso.
Se meu olhar descer uma lágrima,
Não é lágrima e nem tristeza,
É meu rio mostrando ao sol,
O tamanho de sua grandeza!
Eu sou assim: sereno como as águas do rio,
e como olhar da criança que o admira!