Poema de Número 5
"Não gosto do poeta frio,
Que finge-se de morto
Para não entenderem sua dor.
Gosto do poeta revolucionário,
Pouco metrificado, inóspito,
Quase ácido, mas que deixa fluir em
Cada verso sua infâmia, sua arquitetônica imaginação,
Seus abismos, seus perigos...
Não gosto do poeta morno,
Que quase ama, quase morre, quase doa.
Gosto do versador, do amante, do profundo, que vai no vinco da alma
E fere com sua linguagem.
Não gosto do poeta íntegro,
Gosto dos que se arriscam, que rimam,
Que brincam, que sonham, que deliram,
Que imaginam Castelos de brincar poesia, que brindam, acariciam, amenizam, esfriam...
Gosto do poeta do cotidiano,
Da luta, da garra, do verso, das páginas, das lágrimas.
GOSTO assim, que mal há nisso? Se na poesia espelham seus ais, seus males, seus amores, seus rumores e seus fulgores?
Gosto do poeta quente, que arde em cada rima, que surta ao se ver só, no grande vácuo entre o papel, a caneta e sua agonia.
Vácuo este preenchido com suas palavras, que enchem o ar, o infinito,
Regozijam os leitores que se perguntam...
Como gostar do tal poeta?
Aprendendo como eu, a gostar de sua poesia.
Izabelle valladares (poema de número 5)