Poema da Copa de 14
O que rola no campo retângulo não é a bola,
não somente a elipse que rola.
Ali também há sonhos, existe fé e vontade de jogar a vida.
Se esta vida tivesse alternativa de parar e não ser vivida.
De outro modo, a vida cresce e se projeta no campo.
Se não tiver tão bem a vida, também o mesmo ocorre com a bola.
Se o futebol é mais que uma partida, o gol particular no gramado
tem um sentido de vitória singular no estado
de espírito do “ser” brasileiro.
Quem nunca marcou seu gol na faculdade, no vestibular,
no serviço, na estrada, na viagem?
Quem mesmo que não seja jogador nunca vibrou por um gol.
Discordo do fanatismo por bumbuns salientes,
discordo da gostosura da mulher que vai na torcida,
temos muito mais motivos do que um baba para sermos lembrados.
Se tomamos tantos gols na final,
foi porque algo muito sério está errado.
Na política, na justiça, na nossa real vida.
Temos sido expectadores desta festa que não é a nossa.
Se preparássemos a festa seria tudo diferente.
Teria vaga pra todo mundo no estádio,
teria uma partida digna.
Não necessitaria de segurança para bloquear a chegada e a saída
de quem passa quilômetros do gramado e não participa,
de quem naquele dia não pegou seu metrô, não foi de lotação,
e nem tão pouco foi convidado para esta grande festa com direito a sete gols negativos,
e com uma boa lição para esta geração do gol e do espetáculo.