Riscos de vidro
aproveito-me do tempo enregelante
pra numerar os riscos da chuva
mapeando a vidraça
cada gota que escorre desenha
um pouco do que tenho
que aprendi das bocas alheias
algumas consanguineas
com os talhes da minha
soletrando direções
para onde deveria seguir
a dúvida também é chuva
afogando minha existência
questionando quem seria eu
se a estrada onde vago
tivesse sido aberta somente
com minha ideias
quem seria eu sem o interferir
dos espiões despistando
alma minha selvagem
da rota que deveria seguir
tamborila mais forte a chuva
na vidraça
desmanchando o mapa criado
para confundir
a chuva lá fora cumpre a própria sina
enrodilhada fico eu sem descobrir
a minha