FAZENDO DE SI O MENOR TAMANHO

Se formos bastante insignificantes para caber em qualquer refúgio,

se de tudo que somos ou pensamos ser, fizermos o menor tamanho,

então nos será fácil superar agruras

e ver que enfim somos tão pouco

e tão obtusos com nossos diplomas,

Não há que temer o desconhecido,

nem de nossa sorte fazer lamúrias,

pois que vida e morte são a mesma sinfonia

com seus sons graves e outros mais agudos,

que a flor que hoje morreu na terra se transforma

e volta em nova planta, num constante renascer.

É preciso dissolver-se na grandiosidade do universo,

perceber-se dentro dessa engrenagem miraculosa,

diluir a própria imagem nesta aquarela metafísica

que nenhuma ciência explica, que nenhuma filosofia alcança.

Quando mares e pensamentos fundem seus rumores,

árvores e corpos se transfiguram além da visão,

quando os pés na terra se sentem aconchegados,

quando olhos viajam nas asas dos pássaros

e mãos se mesclam à comida que preparam,

quando versos vertem com as chuvas nos telhados

e lágrimas tecem heras pelos jardins,

está se denunciando a vida além das aparências,

um grande e uníssono grito que canta a mesma nota e

ressoa e vibra ad infinitum...

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 09/06/2007
Reeditado em 23/05/2011
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