Asas camufladas

Não estranhe e nem questione,

O camuflar dessas minhas asas;

O cheiro adocicado do perfume,

Nem o olhar que aqui embaça.

Tão pouco essas rimas sem graça,

Nem o teor desses repetidos temas;

Poesia é calor que vem, me abraça,

Nas horas de solidão, que teimam.

Me olha terna então me desmancho,

As rimas fluem, surgem, voam por aí;

Não prendo, ainda são livres arranjos,

Nem sempre combinam, mas tocam aqui.

Se deixo tudo tão visível, como quero,

Tenho que podar tudo, e fica mais caro;

O tempo, o cuidado, mas algo espero,

Sempre me esbarrar em teu brilho raro.

Por isso, releve esse parecer impróprio,

As cores aqui, sempre serão as mesmas;

Em linhas choro, penso, também sorrio,

Na tristeza e na leveza dos meus temas.