Hein, fado?
O fado envelhece desafiando ao recomeço,
Cada vez que decepa rés do chão uma utopia;
Ri da mesma pedra esperando novo tropeço,
E chora macambúzio ante a nossa rebeldia...
Teimamos em fazer velho a cada um novo dia,
E não raro temos a pedra errada na catapulta;
Ora, a pertinácia do não desejado, que assedia,
Outra, na dispersão do anelado, que se oculta...
Ah, essa incerteza bem merecia levar uns socos,
Quanta balbúrdia viceja em seu inútil comício;
Fruto das erradas ousadias que deram em toco,
Esperas vacilantes que se revelaram desperdício...
Que se me concede direito à prece apenas agora,
Minhas angústias o deus destino carece saber;
Que ensine quando convém a gente fazer a hora,
E quando é melhor esperar a coisa acontecer...