Há muito desejava um carinho assim

Aquela curva solitária,

que respeita as manhãs e

as rotinas,

me espera ansiosa,

pela vida ou pela morte,

gravidade e amanhecer.

Aquela curva

onde nossos olhares se perdem,

onde os pássaros parecem preconizar

algum futuro sem beijos ou cometas,

sinuosidade, jardim de deletérios,

nascemos ali, desajeitados.

A neblina marca as horas,

o relógio canta algo,

uns tremores vêm às mãos e

a vida distorcida sabe que quer voltar

à terra, agarrar-se ao cheiro do pó e mato.

Aquela curva, tão cheia de nós

quer me abraçar mais forte,

quer embalar meus ossos

e dar-me afagos de outra vida...

e eu há muito desejava um carinho assim.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 18/03/2015
Código do texto: T5173970
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