CADA MOMENTO

Há tanto, entanto, tanto quase,
Tantas frases fragmentadas,
Tantas fases, tantas catarses,
Tantas bases trincadas.

Há tantas sombras nas esquinas,
Tantas retinas sem anistia,
Tantas montanhas em Minas,
Tantas Minas na travessia.

Há tanta estranheza,
Tanta mesa sem o diário pão,
Tanto não, tanta alma indefesa,
Na correnteza da imprecisão.

Há tantos dias perdidos,
Tantos sentidos pra nenhum lugar,
Tantos sonhos interrompidos,
Tantos segredos, tanto medo de amar.

Há tantas partes do inteiro,
Tantos veleiros sem portos,
Tanto barro sem oleiro,
Tantos caminheiros na zona de desconforto.

Há tanta dúvida, tanta lida,
Tantas idas e vindas, tantos breus,
Tantos eus fervescentes nas tangentes da vida,
Vida envolvida pelos mistérios de Deus.

Há tanto voo, tanto ressoo do vento,
Comportamento mutável, tanta avidez,
Na fluidez de cada momento,
Que no enquadramento, eu perco a lucidez.

Ignoro o talvez, os porquês condensados,
Me dou o direito de ser (im)perfeitamente feliz,
Desancoro a alma para um mundo inventado,
E faço da poesia, o meu maravilhoso país.


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E.ncanto-me

F.acino-me
A.trevo-me
Ç.(questiono)
O.bservo

D.eleito-me
A.calento

P.rovo
O.stento
E.nvolvo-me
S.uspiro
I.magino
A.mo

O.ro

M.aravilho-me
A.caricio
R.epenso
A.bençoo
V.ibro
I.dealizo
L.iberto-me
H.onro
O.lho
S.ensibilizo-me
O.bedeço

P.oetiso-me
A.mo
I.nspiro-me
S.onho

(Fernanda Xerez)