NO TEMPO DOS SEGREDOS
Foram gastas
todas as palavras meu amor
E o que ficou,
não basta
para acender um coração escondido
num quarto escuro
sim, solitário.
Esgotou-se tudo
tudo menos esse intérmino silêncio.
Cansaram-se essas mãos
e a força de escrever-te versos
Cansou-se o relógio
em suas horas ivoluveis
de esperanças inúteis.
Procuro qualquer coisa
entre os dias
para satisfazer-me
mas nada encontro
Lembro-me que antes
tinha tanto para lhe oferecer,
era como se o mundo fosse meu
então tudo era seu também.
Certa vez disse-me,
com o mais vibrante castanhos nos olhos,
que eu era um homem incrível.
E eu acreditei,
acreditei
porque sua voz soava
como a verdade absoluta
de um canto celestial!
Isso era no tempo dos mistérios
e dos segredos de nós dois.
Na época em que eras de fato um anjo
e eu um homem maravilhoso.
Mas hoje sou apenas um cara comum e que amou.
É pouco, mas é a verdade,
é o que sou.
Um cara qualquer
sem pretensões e perdido
como todos os outros.
As palavras que expresso hoje
já não tem o mesmo encanto.
Quando agora digo em silêncio: eu te amo
não acontece coisa alguma,
absolutamente nada.
Muito embora, na época dos mistérios e segredos de nós,
antes de tudo se perder,
tenho a lembraça vivaz
que o universo todo estremecia
só de ao menos citar teu nome
no silêncio daquelas tardes.
Não nos conhecemos mas,
não temos nada para oferecer um ao outro.
Dentro dos teus misteriosos olhos tristes e castanhos,
já não existe nada que me peça ajuda.
É inútil pensar no passado
ou em como seria o futuro de nós dois.
Viver o presente sem pressa
um dia de cada vez,
isso é tudo que posso lhe dizer
no más, as palavras estão gastas
não fazem o mesmo sentido de antes.
Adeus.