''Algumas laranjas''
ALGUMAS LARANJAS
Meditava na pequena sala
Na ausência de um perfume
Nenhuma presença viva
Resignado no silêncio
Uma pequena biblioteca
preenchia o vazio do cômodo
Pensamentos enigmáticos
Mistérios de romance Policial!
Poeira cobrindo a capa de companheiros de décadas
Autores desconhecidos
Famosos poetas e filósofos
Espalhados em prateleiras
Na escrivaninha a vela com a sobra da queima
Do breu de outrora
A leitura permanecia
Excitante e completa
Ao redor de horas apagadas
E sussurros atormentados
A visita de um rato em busca de seu queijo
Ou o gato do vizinho
insistente em entrar sem convite
Seres que vem e vão
Na velocidade de balas
Da luz ou do som
Figuras ininterruptas?
Ou simplesmente passageiras
Do velho trem do passado
Que a cada estação
Leva um,dois ou centenas
Viagem com destino de algum lugar
que não sabe olhar pra trás
A caneta desfilava pela folha
com palavras de algozes
Revolta de viajantes
Excitante e completa
Ao redor de horas apagadas
E sussurros atormentados
A visita de um rato em busca de seu queijo
Ou o gato do vizinho
insistente em entrar sem convite
Seres que vem e vão
Na velocidade de balas
Da luz ou do som
Figuras ininterruptas?
Ou simplesmente passageiras
Do velho trem do passado
Que a cada estação
Leva um,dois ou centenas
Viagem com destino de algum lugar
que não sabe olhar pra trás
A caneta desfilava pela folha
com palavras de algozes
Revolta de viajantes
Sabedoria de rugas e fascínio de criança
Olhou o pé de laranja continuava o mesmo
Se renovava a cada geração
Sentiu inveja da fruta
Da incapacidade de sentir
Poderia ser mordida
Mastigada
Devorada por dentes
Língua e boca
E nunca sentiria nada!
Nesta hora queria ser a própria laranja!
O canibalismo dos novos e velhos
jogavam-no em uma lixeira
Junto ao bagaço da laranja
ao queijo estragado e ao rato morto
Tudo se resumia a um saco de lixo
By Morphine Epiphany
(Cristiane V. de Farias)