Legado
A hora passa. Estou deitada.
Sozinha.
Penso na vida.
No próximo.
Na efemeridade do tempo.
Do legado que deixarei.
Nada posso deixar.
Tenho todos os sonhos do mundo em mim.
Mas não tenho amor.
Não amei o suficiente a mim mesmo.
Que dirá o próximo.
Que de próximo nada tem,
A não ser o nome.
Pois todo humano vive acorrentado a si.
Ninguém consegue enxergar o outro.
Debaixo de sua espessa nuvem de tédio.
Por isso: Não amei ninguém.
E quando amei, foi ilusão. Então me arrependo.
Pois quase nada neste lugar vale ser cultivado.
É tudo falsidade e enganação.
Mas o que faz da criatura humana um ser melhor?
O amor. Só o amor.
Portanto, só me arrependo de não ter amado.
E por isso, nada deixarei que valha a pena ser lembrado...