MAQUINAL

Imagem da Internet

Quando muito peço espaços melhores para povoar

Quando muito peço pessoas melhores para amar

Quando muito peço alegorias melhores para trajar

Quando muito peço olhares melhores para trocar

Quando muito peço vontades melhores para desejar

Quando muito peço cuidados melhores para zelar

Quando muito peço memórias melhores para guardar

Nesse muito me esmoreço acabo em pouco e sigo pelos espaços

Nesse muito me entonteço em pouco e sigo pelas pessoas

Nesse muito me enobreço em pouco e sigo pelas alegorias

Nesse muito me enterneço em pouco e sigo pelos olhares

Nesse muito me entardeço em pouco e sigo pelas vontades

Nesse muito me enluteço em pouco e sigo pelos cuidados

Nesse muito me emudeço em pouco e sigo pelas memórias

Quem há de julgar-me se não pela escassez desses espaços desnudos?

Quem há de alimentar-me se não pela tepidez dessas pessoas carnudas ?

Quem há de amar-me se não pela liquidez dessas alegorias felpudas ?

Quem há de juntar-me se não pela insensatez desses olhares pseudos ?

Quem há de calar-me se não pela honradez dessas vontades parrudas ?

Quem há de abrandar-me se não pela desfaçatez desses cuidado agudos ?

Quem há de apagar-me se não pela intrepidez dessas memórias sisudas ?

Roberta Lessa
Enviado por Roberta Lessa em 15/02/2015
Código do texto: T5137669
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.