''A incógnita e a maré''
''A incógnita e a maré''
Tem dias em que a incógnita domina
os únicos sentidos vivos neste corpo
Nada faz balançar um tecido sequer
Nada faz disparar um som qualquer
Lembro quando a maré o carregou
Areia esfoliante nos meus pés
Uma gaivota sonora parecia morrer
e avisar de forma assustadora no céu
Em transe mortal pela contemplação
daquela tarde encantadora
Fechei estes olhos horrendos agora
No suspiro da adoração, eles sentiam
Prazer
Um prazer afoito e macio,
desses que nos cegam e nos acalentam
Um prazer afoito e macio
desses que nos amam e nos apavoram
Somente a refrescante brisa vespertina
Meu interior e o presente momento
Por egoísmo, fiquei dispersa de sons
Expulsei os ruídos, expulsei teu chamado
Em outro universo, tão acolhedor
me tranquei por alguns minutos
Em alfa, tão lenta
Suave e desacelerada
A maré rapidamente agiu
Veloz e traiçoeira
Acenou, sorriu e foi dominado
Maré ligeira
Grande assassina
Teu fôlego escapou
Teus membros perderam a força
Tua existência afundou
Tem dias em que a paralisia domina
todos os sentidos do corpo ainda vivo
Nada traz a respiração do pulmão já morto
Nada traz a respiração do teu pulmão já morto
By Morphine Epiphany
(Cristiane V. de Farias)