''A incógnita e a maré''

''A incógnita e a maré''

Tem dias em que a incógnita domina

os únicos sentidos vivos neste corpo

Nada faz balançar um tecido sequer

Nada faz disparar um som qualquer

Lembro quando a maré o carregou

Areia esfoliante nos meus pés

Uma gaivota sonora parecia morrer

e avisar de forma assustadora no céu

Em transe mortal pela contemplação

daquela tarde encantadora

Fechei estes olhos horrendos agora

No suspiro da adoração, eles sentiam

Prazer

Um prazer afoito e macio,

desses que nos cegam e nos acalentam

Um prazer afoito e macio

desses que nos amam e nos apavoram

Somente a refrescante brisa vespertina

Meu interior e o presente momento

Por egoísmo, fiquei dispersa de sons

Expulsei os ruídos, expulsei teu chamado

Em outro universo, tão acolhedor

me tranquei por alguns minutos

Em alfa, tão lenta

Suave e desacelerada

A maré rapidamente agiu

Veloz e traiçoeira

Acenou, sorriu e foi dominado

Maré ligeira

Grande assassina

Teu fôlego escapou

Teus membros perderam a força

Tua existência afundou

Tem dias em que a paralisia domina

todos os sentidos do corpo ainda vivo

Nada traz a respiração do pulmão já morto

Nada traz a respiração do teu pulmão já morto

By Morphine Epiphany

(Cristiane V. de Farias)

Morphine Epiphany
Enviado por Morphine Epiphany em 13/02/2015
Reeditado em 17/09/2015
Código do texto: T5135645
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