Meu mar é mais melo que marmelo

Dizem que a inspiração vem pelo ar,

(e é absurdamente bem-vinda, como o amor esvanecido),

E as asas invisíveis já estão batendo, em sintonia...

Distintas criações e influências passeiam pelo ar;

Dizem que surgem e vão-se como uma espécie de epidemia... voejando;

Passam por frestas de janelas, levantam e assentam folhas, poeiras,

Ouvem besteiras da larga e desumana boca da intolerância

Que um dia há de se acabar.

Seguem voando...

Incidem nos cabelos das morenas, das meninas,

Pegando carona em seus luxuosos pensamentos...

Aprofundam-se em sonhos e estacionam (provisoriamente) nas imagens,

Nascem delas ou as inventam; criam pessoas, situações;

Criam o mar e canoas – criam o navegante – esculpem a perfeição.

“Queijo coalho, pamonha, acerola, açaí”.

Gritou o vendedor enquanto eu resolvi rabiscar esse texto;

O açaí lembrou-me o mar.

Quero o som do mar, a visão do mar, o sabor do seu sal,

Tombar na monumental percepção de bem-estar;

(mesmo estando longe, e onde mais eu estiver, e hoje, e sempre)...

Quero seus beijos, seu toque, seu banho.

O açaí e o tudo me lembram o mar,

Lembram que o amor foi mergulhar e não voltou,

Pois se transmutou em mar...

E está bom, está de bom tamanho.

André Anlub

(24/1/15)

Site: poeteideser.blogspot.com