Copo de plástico

E vai o ar mais quente do verão,

Pelos espaços em brancos, pelas alamedas vazias,

Nas narinas dos santos e dos pecadores.

Vai um filete de água descendo o canto da calçada,

Leva um copo de plástico; talvez leve um vulto sagrado.

No velho casebre o homem esculpe uma cálida imagem,

Que logo, em breve – quem sabe, esboçará uma crença.

No campo azul lá em cima, há gritos de prosperidade...

No palco azul piscina, no alto, no voo e no espaço.

Ninguém mais chega ao ponto, na resposta da longa pergunta...

Numa desconexa permuta de línguas encafifadas rescendentes.

No lago verde, verdinho, com vitórias-régias, peixes gordos e belos...

Alarga a reflexão, vem junto em coroação, um pedinte pé de chinelo.

E vai o ar mais frio de inverno,

Alavancando sua marcha pelo horizonte mais gélido;

Dentro de um copo de plástico, dentro da velha cachaça,

Do pedinte pé de chinelo.

André Anlub

(13/1/15)

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