Despedida XIII

(cozinheiro de banquetes)

Quando busca a inovação encontra o aconchego,

Não tem medo, e o mergulho é de cabeça.

Na sinceridade da devoção pelas letras, na fé na escrita,

Na aflição esquecida, morta, afogada na tinta,

Mergulha... e de cabeça.

Solve a arte, respira até pirar, come a arte,

Sente, brinca, briga e se esbalda.

Balde de água fria, quando ele quer que seja;

Balde de água quente, quando ele quer que ferva.

Na construção das linhas, ele sonha...

É um gigante em solo de gigantes (é um ser igual).

Nada é pequeno ou menos, mas ele é gigantesco;

Nada é estranho no pensamento sereno. (a mente é sã)

Criou algo mais do que o passo à frente,

Excedeu-se, ousou – usou e abusou.

Chegou a ser inconsequente...

Até achou que passou rente do perfeito (foi bem feito),

Pois assim tentará mais e mais, e irá tentar sempre.

E aquele gigante, aquele ser igual?

Foi para terras inóspitas e foi jogar novas sementes,

Agarrar novidades e desbravar castos campos.

E aquele cozinheiro?

(sonhou e se levou)

Cozinhou pratos raros e fabricou azeites,

Adornou a mesa com belos enfeites,

Chamou parentes, chamou amigos,

Encarou os indigestos...

Assim tornou-se quase um guerreiro,

Escritor, amigo, artista, rico e mendigo,

Cozinheiro de banquetes, ritos e festas...

Tornou-se gente e verdadeiro.

André Anlub

(12/1/15)

Site: poeteideser.blogspot.com