Despedida XII

(corpo e café – torrados e moídos)

Hoje me sinto dentro da melodia

“Rio quarenta graus”;

Mas quarenta... só se for na sombra.

A aura parece que quer deixar a carcaça

E se perder na atmosfera.

O sossego berra, a quietude é onipresente...

Mas “péra”...

Ouço o tilintar dos dentes,

Como se fossem lâminas de aço.

Saboreio a pera,

E o sumo resseca meus lábios.

Meu lema para sair da lama

É sorvete de lima-limão

E um chá verde gelado.

Estão bebendo cafés quando esfriam,

Vi gente saindo pela rua, pelado.

Agora a aura quer ficar no corpo,

Um bom banho gelado.

Ao alto as audaciosas asas de Ícaro,

Há tempos derretidas...

Agora aparecem em nuvens, desenhadas.

Vejo o futuro, não vejo sempre muito boa coisa;

Há decepção, sempre há;

Há ressurreição, tem que haver.

Há de aparecer alguma ligeira solução,

Nas poesias sinceras despontadas.

Sai da melodia, penetrei no sigilo

Já são bem mais de meio dia;

Entrei entre as almofadas

E sorri para a nostalgia.

André Anlub

(11/1/15)

Site: poeteideser.blogspot.com