Despedida VIII

Sábado de sol,

De sola de sapato sendo gasta

Pelos amigos que passam e se vão

Ao longo da rua.

Sábado de poesia, de escrita;

Acordei escrevendo, depois li um pouco...

Agora escrevo novamente.

Voltando algumas horas no tempo:

Essa noite fez um frio de inverno,

Acordei na madrugada em posição fetal

E com uma estalactite no nariz.

“Eta ferro”, me meti no frio da Serra;

Frio que me serra os ossos,

E quase, mas quase, gela meu sangue...

Foi por um triz.

Voltando ao tempo atual:

Almoço pronto,

Deixo meu “boa tarde”

Ao moço que passa

(mais solas sendo gastas).

Barulho de maquita cortando algo,

Complementa o som que ouço aqui...

Qual música?

Hoje deixarei à imaginação de quem lê.

Indo adiante no tempo:

Em casa com os cães,

Meu peixe pronto,

O mesmo som de agora,

Sol queimando a cachola,

Ao tédio meu afronto.

Preciso só imaginar e já sinto o cheiro de café,

Aquele fresco – novo – aquele meu;

Misturando-se ao perfume L’occitan que estou usando.

Vejo o céu limpo, ouço os cães distantes

E os cães aqui também latem.

Preciso só imaginar e já sinto o beijo...

Ah,

O som é Joni Mitchell,

Do disco Blue.

André Anlub®

(10/1/15)

Site: poeteideser.blogspot.com