Despedida parte V - "bucolicozidade"

Sol parou de lascar seu beijo quente no asfalto,

Fim de tarde em mais um dia;

Ônibus passa, crianças voltam a brincar de bola,

Roupas voam nos varais

E levam o cheiro do café e pão frescos;

Pessoas passam com suas sacolas

E o bucólico torna-se culminante.

Viajo no espaço por um instante,

Meu corpo suado – estafado – planeado

Quase que quase atravessa o país;

O cheiro da minha casa penetra o nariz...

Fina flor que invento para a comodidade.

As pernas hoje pediram longa rua,

Queriam andar e ver novos caminhos.

Sons se repetem, as horas ecoam sozinhas,

O tempo estaciona e me açoita nas nádegas.

Meus olhos buscam novos rostos,

Tristes ou alegres, mas novos: olhos e rostos.

Amanhã tomarei coragem e o café bem quente,

Irei à luta, sair novamente, quero rua.

A perpendicularidade do raciocínio

Chega a desafiar a gravidade.

Nem sei a gravidade desse desafio,

Prefiro distrair minhas ideias, escrever.

Amanhã é outro dia, é nova sexta-feira...

O tempo vai ter que mexer e me mexer.

André Anlub®

(8/1/15)

Site: poeteideser.blogspot.com