Espécime Brasileiro
Eu sou desse povo altaneiro, sem amor à pátria;
desse povo que vive a sorrir, e gosta de trapaça.
Ginga, dribla, canta e joga capoeira.
Sou das rodas de samba, e dos clubes da cachaça.
Deus! Nunca vi tanta mulher passada do tempo,
que não hesita em submeter-se a tanta plástica.
É certo que esse povo é vaidoso na aparência,
mas de pouca hombridade nas atitudes.
Eu sou sim, desse povo que costumava ser gentil,
mas, de tão espoliados, agora desconfiados.
Hábitos intolerantes, vidas estressantes.
Sou, por enquanto, sobrevivente da guerra.
Uma guerra que é travada todos os dias; toda hora.
Porque outrora roubaram o nosso ouro, e por isso,
estamos tomando agora seus preciosos diamantes.
Eu sou dessa gente sofrida, que não se entrega,
e que também erra; só não confessa.
Enquanto uns aplaudem, outros vaiam esse cinismo.
Faz macumba, joga búzios, acende velas;
suborna os santos do altar e encomenda rezas.
Se falta água, há de faltar a luz.
Quando o dinheiro é curto, sobra escassez de amor.
Esse meu povo encontra-se, por demais, acomodado na dor.
Todavia, não penseis que estou a dizer, de forma leviana,
que essa rica e promissora nação não presta.
Não! Eu não ousaria tal sandice.
Faço parte desse povo livre, que pouco a pouco começa a tomar consciência. Assim espero... Paciência!