QUATRO ESTAÇÕES

Quatro estações tenho eu, meu Deus!

Sou primavera plena e glorificada pelos céus

Emergindo do Inverno do Ser, dormente,

Agora brotam todas as adormecidas sementes.

Senti o frio de gelo em meu coração, e o medo

De quando chegasse a hora, não acordasse a tempo.

Ah, o tempo! Amigo, amante ou cruel castigo?

Sou primavera a espera do verão e do sol intenso.

Já fui Outono, embalada pelo vento quente e seco

Desnudando a vida em folhas sem rumo carregadas

Alternando promessas em presságios estremeço

Buscando exílio no ventre da terra, durmo calada.

Quatro estações não definidas eu sou, meu Deus!

Rodamoinho ou caleidoscópio de emoções?

Submerso Inverno tudo escondo em silêncio

Desvelado pela força de um germinar em profusões.

Terá respostas quem souber ouvir o trinar dos pássaros

No acompanhar a bela musica das águas nas nascentes

E a fúria das cachoeiras em grotas fundas e altas cascatas

Manchadas do arco íris a lhes beijar de cores, docemente.

Sol inclemente, luz da vida e de morte, calor de verão

Abrasador em fome e sede, explosão de vida voraz.

Noites de sonho ao relento, noites de idílica e ansiada paz

Adormecidas em regaços saciados de amor e de paixão.

Quatro estações eu fui, Meu Deus! E já não sou mais.

Sou alma errante em procissão pela terra agora deserta

Sou voz silenciada dos cânticos sagrados dos ancestrais

Sou espelho das eras, sou mítico ser de existência incerta!