Além de tudo, chuva.

As tardes têm sido cinzas...

Medo e calor,

frio das mãos que duvida na boca,

passagens de ida,

sertões e progresso,

sucesso de vez em quando,

amor e pena sobre a mesa,

e expostos.

Te espero, calado,

doravante, um mendigo,

por vezes rei de asneiras e

dado às palhaçadas

por amor às horas.

Sei bem do que se é capaz a cada gole de cachaça.

As tardes têm sido cinzas...

Orações e coração pervertido,

sinais em forma de cruz

e semáforos que cuidam das almas,

a porta, sempre, aos berros, a porta,

umas memórias de outrora e tua

foto no varal,

roupa no varal,

ossos no varal...

deliram-me os instintos,

deleito-me em etanol.

As tardes têm sido cinzas

e além de tudo,

chuva.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 28/01/2015
Código do texto: T5117530
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