Além de tudo, chuva.
As tardes têm sido cinzas...
Medo e calor,
frio das mãos que duvida na boca,
passagens de ida,
sertões e progresso,
sucesso de vez em quando,
amor e pena sobre a mesa,
e expostos.
Te espero, calado,
doravante, um mendigo,
por vezes rei de asneiras e
dado às palhaçadas
por amor às horas.
Sei bem do que se é capaz a cada gole de cachaça.
As tardes têm sido cinzas...
Orações e coração pervertido,
sinais em forma de cruz
e semáforos que cuidam das almas,
a porta, sempre, aos berros, a porta,
umas memórias de outrora e tua
foto no varal,
roupa no varal,
ossos no varal...
deliram-me os instintos,
deleito-me em etanol.
As tardes têm sido cinzas
e além de tudo,
chuva.