É FATO, NÃO É BOATO!
O Ozônio furou
A represa secou
E o sol nos torrou.
A geleira derrete
Consciência empobrece...
O planeta anoitece.
A Amazônia tombou
Mata Atlântica queimou
E a Terra rachou.
Tanta água que vaza...
Escorre só na vidraça
Rastro de chuva ácida.
E a nuvem tão rápida...
Observa a desgraça
Da ilusão que trapaça.
O discurso ao vento...
Já não é mais alento
É palavra ao relento.
A chuva desistiu
Do meandro dos rios...
E seu grito pariu.
Toda seca é holística
É a sina da mística
Ao que se nega ao respeito,
Do sagrado que escreve
Um destino sem prece...
Com toda a dor do seu peito.
Arco-íris das cores
Observa os horrores
E a morte das flores.
Então busca no céu
Seu trajeto a revel
Já perdido ao léu.
Qual o das tantas gentes
Que nada tão de repente
Acreditou-se contente.
O petróleo sumiu
Toda bolsa caiu!
Nosso mundo ruiu.
Energia apagou
O destino rolou
No tudo que se plantou!
O dinheiro se foi...
Dessa vida de boi
Que padece suado.
A notícia tremeu
Todo fato contado...
Nada era boato.
Nem o céu hoje chora
Sua lágrima que outrora
Inundava a estação,
Noite alta é aurora!
Natureza só chora
Toda a escuridão.
E a voz que promete
Tem a face inerte
Quase sem emoção...
De eloquência estudada
Mas desacreditada
Tudo rima enfeitada.
Letras premeditadas
E desconectadas!
Da real situação.
Só vaidade que aflora
Como se a toda hora
Houvesse compaixão.
Pois a criança da rua
De esperança tão nua!
Vaga sem solução.
Lápis estilhaçado
De destino traçado
Traça a constatação...
Dessa charge absurda
A vagar moribunda
Pela vã multidão!
Onde o sonho amputado
De ossos tão delicados!
Mas de tão rude opressão.
O trabalho açoitado
Quase alienado
Pede por proteção...
Do todo paradoxo
De palanque ortodoxo
Quanta decepção...
A saúde agnóstica
Chora seu diagnóstico
Hoje sem prognóstico...
Outra bala perdida
Já cruzou a avenida
Jaz ali outra vida!
Nem o peixe é dado
O anzol foi roubado...
E furtou-se o pão.
O rio assoreado
Tem seu leito incrustado
Com o abandono em questão.
Mas o circo é perene
Lona a tanta gente!
Que não tem coração.
A comédia é trágica
Mas na tela tão drástica
Só alienação.
E a fé que ainda paira
Pede desesperada
Pra não morrer na praia...
Onde a marola quebrou
Tsunami chegou:
E a canoa virou.