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Fica Tudo Pelo Chão
 



As pedras que nos jogaram,
E aquelas que nos jogarão, 
Palavras vivas ou mortas,
Doces, vis, retas ou tortas,
Fica tudo pelo chão.

Todo amor que nós doamos,
E as pedras que atiramos,
As raízes retorcidas
Que se agarram ao que existe
Pensando agarrar-se à vida,
Fica tudo pelo chão.

Afetos e desafetos,
As verdades, as mentiras
Que caminham lado a lado
Fortemente entrelaçadas,
Tanto, que nem resta nada
Que as distingua, nesse fado,
Fica tudo pelo chão.

E um dia, brotam sementes,
Mesmo que estejamos longe,
Mesmo que nossos ouvidos
Deste mundo escondidos,
Já nem ouçam os alaridos,
E mesmo que as nossas bocas
Já preenchidas de terra
Contenham todos os gritos,

Daquilo que nós plantamos,
Daquilo que nos jogaram,
Nascem árvores frondosas
Brotando do esterco, as rosas;
Mas também estas, um dia,
Pelo chão hão de ficar
E tudo será esquecido,
E o dito pelo não dito
-Nem isto há de sobrar.

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 28/01/2015
Reeditado em 28/01/2015
Código do texto: T5116810
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