Limpa água

Limpa água

Eu só quero uma taça de água clara

de um puríssimo cristal, de cortes calmos

hoje nada me tira do asfalto

desta minha entranhada sensatez

Hoje eu quero o mais puro dos riachos

quero a mata, assim nua, pura e casta

o silêncio que deglute os berros roucos

poucos muros rodeando a minha exatidão

Eu só queria o doce mel dos favos

e os buques que preguei em sonhos escondidos

nada me late mais alto que teus grunhidos

e me invado nas pressas das tardes,

para deitar nas redes de fluidas cores só minhas

Hoje eu só quero água limpa!

E que dos olhos não me venham tempestades.

posto que eu vivo também desses alardes

que em mim vibram como harpa

Nada me sobra, nada me falta

sou a vastidão de meus instintos

E é na lâmina fina da lata

que adentra o pulso em batimentos insanos

que redecoro os vazios de todos os meus papiros e prantos

e de novo repinto o meu amanhecer.

Entre gotas que se vestem de rosa para me fazer dormir.

Márcia Poesia de Sá 2015,

Márcia Poesia de Sá
Enviado por Márcia Poesia de Sá em 17/01/2015
Código do texto: T5105050
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