Filosofias da Existência

Sem mal me dar conta

Quebrei outro espelho

Sorte é para os fracos

E eu já estava mesmo cansada

De encarar sempre meu apático reflexo

Sequer consigo olhar alguém nos olhos

Não quero que leiam atrás deles

As nuances de minha alma problemática

Nunca vou ser transparente

Não há muito sentido em compartilhar pedaços de mim

Se no fim das contas estarei sempre sozinha

Perdi minhas emoções milhas atrás

E ainda não me interessei em resgatá-las

Não parecem mesmo ter muita importância

Se amizade sempre se torna indiferença

Se alegria transforma-se em memórias superestimadas

E se o amor é simplesmente

Um sentimento estúpido demais para expressar em voz alta

A passagem que me levaria para longe deste mundo sumiu

E agora fiquei presa em meio a convenções absurdas

Nas quais nunca vou me encaixar

A vida seria mais fácil se eu aceitasse as mentiras ingênuas

Mas eu nunca fui muito boa em facilitar as coisas

O sangue verte das pontas de meus dedos

Enquanto me destruo aos poucos

Os sonhos que vi neste mundo são pequenos demais

E os sonhos que tive, por demais audaciosos

Posso aprender tudo o que aqui se sabe

E continuarei sendo uma intrusa

Não há saída desse mundo de espelhos e máscaras e rotinas

E eu ainda estarei olhando os mesmos ciclos passarem

Enquanto os sorrisos que se formaram tão fáceis sobre os lábios

Imobilizarem-se para sempre sob caixões bem esculpidos

Eu ainda estarei encurvada sobre a mesma tristeza

Enquanto as mentiras de uma vida forem contadas

Em meio às lágrimas daqueles que continuam de pé

E ainda estarei rindo de todos esse absurdos

Quando todos os sentidos que buscavam

Forem enterrados em meio ao pó