APENAS, ALGUÉM

Não sou inteiro,
Não sou metade,
Sou o roteiro,
Da desejada liberdade.

Não sou ultrapassado,
Não sou contemporâneo,
Sou um oceano,
De horizonte ilimitado.

Não sou demônio,
Não sou anjo,
Sou o instrumento errôneo,
Que eu mesmo tanjo.

Não sou lucidez,
Não sou loucura,
Sou poeta...? talvez,
Osso, esboço, rasuras.

Não sou antes,
Não sou depois,
Sou o agora, predominante,
No brilho dos girassóis.

Não sou o não,
Não sou o sim,
Sou a eufórica vazão,
Do Carpe Deam.

Não sou realidade,
Não sou fantasia,
Sou as possibilidades,
Existentes na travessia.

Não sou verdade
Não sou mentira,
Sou a fugacidade,
A identidade que delira.

Não sou o voo...
Bem que queria!
Pelo menos o ressoo,
Da ventania.

Não sou vida,
Não sou morte,
Sou viagem, a ida...
Sem passaporte.

Não sou ruptura,
Não sou a restauração do termo,
Sou a inquieta procura...
De mim mesmo.

Não sou amém,
Não sou o, porém, da trama,
Sou apenas, alguém,
Que sonha... que ama.