Direito ao delírio

Quando a vida subestima a existência

Vivemos no retrato da ausência

De tudo que poderia ter sido

Mas que aos poucos foi sendo levado

Subordinado, calado...

Fadado a olhar pro passado

Fugindo de amores bandidos

Acumulando na pilha os fracassos

Preenchendo de vazio os frascos

Que jogados contra a parede

Estilhaçam toda a agonia

E até o que não se movia

Ganha vida nessa terapia

Que aos poucos nos mata de sede

Na sede do sucesso, sem erros

Os gritos são de desespero

Dos moldes impostos por todos

E presos a finas coleiras

Esperando pela sexta-feira

Maquiamos nossos rótulos em esteiras

Aprendendo a jogar este jogo

Onde ninguém pode sair vitorioso

Vibra quem se aproxima do repouso

Com sorrisos de final de ano

E presentes que prezam pelo peso

Nos põem como meninos indefesos

É visível, ninguém sai ileso

Tendo sobre os olhos um pano

Que cobre a verdade mais crua

Aquela que aponta pra lua

Que nos dá o direito ao delírio

E entrega a chance de sonhar

Dá palavras aos que querem falar

O que poucos, de fato almejam escutar

Somente os que estão fora dos trilhos

Fhernando
Enviado por Fhernando em 29/12/2014
Código do texto: T5084673
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