Lágrimas de Gaia

A chuva cai e a maioria das pessoas corre.

Mas eu prefiro caminhar sob as águas que

caem do céu.

As gotas lavam o corpo e a alma...purificam

São como lágrimas de compaixão de Gaia.

Caminhar sob a chuva me faz refletir,

relaxa meu corpo, esfria a mente...

abafa os sons do caos urbano e traz

à tona, o silêncio do espírito.

A chuva é uma das formas mais sutis

da perfeição da mãe-natureza.

A brisa úmida, que vem com a água, parece

aliviar o peso do ar tóxico das metrópoles,

tornando-o agradável.

Ao mesmo tempo, nos lembra o quanto estamos

ferindo o útero que nos abriga.

As águas do céu caem no rosto, acariciando

e suavizando o mais

duro dos corações, a face mais sofrida,

o corpo mais cansado e o mais cruel dos

homens.

A chuva é um presente que cai, como se

Gaia chorasse de tristeza pelas feridas que

lhe causamos, mas também, com alegria por

saber que nos preocupamos.

Assim como qualquer mãe, ela padece com o

sofrimento de seus filhos e, mesmo que estes

não mereçam, ela derrama suas lágrimas, em

uma tentativa de aliviar o fardo e as dores

de sua cria tão amada.