quarta-feira, 16h

Não há nada mais bonito

que uma sacola plástica amarela voando às 4 horas da tarde,

sobre os prédios acinzentados

e o céu semi-nublado

Com um deslizar suave e,

por horas, violento

a sacola vai vivendo

desafiando os limites da compreensão humana - não é bicho

nem é gente,

é um conjunto de moléculas e mais moléculas e mais moléculas moléculas moléculas

Ao sabor do vento, a sacola

paira

próxima aos carros, às folhas, às formigas, aos rostos humanos

e às aves,

que olham curiosamente ao ser - em glória, também

voa.

O mesmo sopro

que a oscila como flâmula

também desloca

as nuvens sobre o Sol

revelando a nós

um novo evento cósmico : a transformação da sacola plástica amarela

em Astro Rei

ainda que instável, nos mantém

vivos

ao mostrar - em si - a própria vida: livre e presa

ao pulso do movimento aéreo

Dentre todas as Muralhas, Cataratas e

Coliseus

não há nada mais bonito

que uma sacola plástica amarela voando às 4 horas da tarde.

Victor Pimentel
Enviado por Victor Pimentel em 10/12/2014
Código do texto: T5065006
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