quarta-feira, 16h
Não há nada mais bonito
que uma sacola plástica amarela voando às 4 horas da tarde,
sobre os prédios acinzentados
e o céu semi-nublado
Com um deslizar suave e,
por horas, violento
a sacola vai vivendo
desafiando os limites da compreensão humana - não é bicho
nem é gente,
é um conjunto de moléculas e mais moléculas e mais moléculas moléculas moléculas
Ao sabor do vento, a sacola
paira
próxima aos carros, às folhas, às formigas, aos rostos humanos
e às aves,
que olham curiosamente ao ser - em glória, também
voa.
O mesmo sopro
que a oscila como flâmula
também desloca
as nuvens sobre o Sol
revelando a nós
um novo evento cósmico : a transformação da sacola plástica amarela
em Astro Rei
ainda que instável, nos mantém
vivos
ao mostrar - em si - a própria vida: livre e presa
ao pulso do movimento aéreo
Dentre todas as Muralhas, Cataratas e
Coliseus
não há nada mais bonito
que uma sacola plástica amarela voando às 4 horas da tarde.