A REAL FALSIDADE
O decreto da porta
Dizia que o comando
Tinha dores incolores
E outras dores
A seu favor
Entre e dance a vontade
O circo não vai partir
O começo nunca existiu
Dentro se parece
Com tudo que viu
Mas lá fora
Ainda é tarde
E nós acordamos depois
O que se busca
É o que atrai
O que realmente trai
E aceitar o que ofusca
A pedra enconbre
De terra
Na brutalidade do tempo
O que brutos riscavam
P’ra cortar a carne
Agora os brutos cortam
O brilho dos olhos
Pelo que parece
Que vale mais do que vida
O recalque entregue
Ao nascer
Por encomenda
As linhas fugitivas
Do que se quer estético
Golpeam o logo adiante
Se tornam proféticos
Os dizeres de velhos
E raquiticos de alma
A razão dorme
Sentada no trono
O sono traquilo
É sempre fascinante
Dorme-se por estrela
Por que é branco
Se tem estrela
Porque é negro
E pode brilhar
Também a noite
Amanhece indefeso
Precisa do remédio
Tardio da moral
Plantam flores
P’ra demônios
Que chamam de santos
Criam sonhos
Querem dos sonhos
Vingados em prantos
A febre que sentem
Da dor acorrentada
O signo que mente
Prende elos falidos
Em sábios erguidos
Na decandencia
Muros da profecia viciada
Lá atrás estão as raposas
E os lobos
Só os loucos acordam p’ra vida.