ATÉ O VELHO CHICO...

Drenaram as fontes..

As cachoeiras

Os horizontes!

Drenaram o Homem

Toda sua sorte

De acreditar.

Drenaram as águas

As nossas terras

Drenaram o ar.

Drenaram o verde

Também o sangue

O respirar...

Sertão drenado

Drenaram o fôlego

De todo o mar.

Drenaram as matas

As frias dunas

Os belos rios...

Drenaram a grana

O óleo virgem

E ninguém viu?!

Drenaram as sedes

Todas as fomes

Do meu Brasil.

Drenaram a ética

A boa fé

A esperança!

Drenaram o probo

O eficiente...

A confiança.

Drenaram as chuvas

O árduo trabalho

O suor frio,

Drenaram os gols,

Todas as copas

O azul anil.

Nossos tributos

Nos absurdos,

Já se drenaram...

Drenaram os rumos

Quaisquer futuros

Não deslancharam.

Drenaram o riso

Toda a Magia...

A alegria!

Drenaram o solo

Que sem consolo

É lodo técnico

De água morta

Só o restolho

Drenaram o "credo".

Mesmo a saúde

Drenada grita

Na usurpação...

Drenaram o teto

Palco abjeto

Sem educação.

Drenaram o sonho

que sem cenário

Só adormece,

Drenaram o todo

Nada é mais probo!

Nada acontece.

Drenaram o tempo

Que corre cego

Sem horizonte,

Que pela história

desnorteado

Busca vitórias...

Drenaram a força

A energia

O pensamento!

Promessa fria...

Na vã euforia,

Drenaram o alento.

Drenaram a fonte

Terra rachada

De seca vil!

Até o Chico

Sempre viçoso,

Hoje é senil...

Drenaram a vida...

Tudo agoniza,

No meu Brasil.