O Frio

O frio...O frio dói. O frio corrói. Lança sua teia...
O frio também está nas almas perdidas...
No frio do sangue gelando nas veias
Pela criança sem agasalho na avenida.
No frio não consigo inventar. criar
Um modo de me ocultar,
De não estorricar no gelo
Das frases de efeito ouvidas,
Ditas à beira de um leito pequeno e pobre.
Frio é o governo sem direção
Que ilude com gracioso, quente sorriso.
Frio é a falta de instrução dos pequenos
A apatia das gélidas instituições
E a hegemonia na pesca dos recursos,
Dos parcos ganhos mensais nos institutos.
Frio... Hera daninha que sobe pelas paredes
Escondendo o sol, o vento e, a luz do amor
Frio...Falta desse amor fraterno e humano.
Frio...Incubadora do ódio, do desprezo
Inculca o diálogo, mas é monólogo que adota!
Recomenda o bom e pratica o mau...
Frio...Juventude perdida nas drogas,
Bebidas, e outras pragas parecidas
Perdidos todos no frio do consumismo.
Frio...É o jejum obrigatório de seres vivos
Esquecidos nos jazigos dos guetos.
Frio...Judiciário que esquece o dever de justiça
E só julga o que convém esquece de deter
A corrupção, a opressão, tornando-se Judas Iscariotes.
Frio... Apenas e tão somente xenofilia
Que esquece o ser nosso de cada dia
Que esquece as nossas fontes de calor.
Calor...Só no coração das mães,
Nas máquinas incubadoras dos hospitais
Que mantém aquecidos os novos seres
Que se livraram do frio aborto e,
Que virão para sofrer a falta de amor
E conhecer o terrível frio das almas humanas.
Que o inverno se vá logo como veio.
Que se canse que fazer tanto sofrer.
Que se aqueçam as almas, os corações!
Que se aqueçam os governos indiferentes!
Que se aqueçam os corruptos do país com
Belos cobertores e mantas da boa vontade.
Que nos aqueçamos todos...
Para que o frio se vá e não deixe
Sequer uma lembrança de sua passagem.