DA COR, DO DÓ EM DESACORDO - Roberta Lessa

SOBRE A COR E O DÓ

A cor do dó está em desacordo com a cor da intensão

A cor do dó está em desalinho com a cor da união

A cor do dó está em desconforto com a cor da emoção

A cor do dó está em desconfiança com a cor da opinião

A cor do dó está em desistência com a cor da ocasião

A cor do dó está em desatino com a cor da consolação

A cor do dó está em descompasso com a cor da desolação

SOBRE A COR E A CORDA

Por cor de luta compreendo que a corda tenta mas não destrói

Por cor de labuta compreendo que a corda tenta mas não desconstrói

Por cor de permuta compreendo que a corda tenta mas não corrói

Por cor de pauta compreendo que a corda tenta mas não reconstrói

Por cor de conduta compreendo que a corda tenta mas não dói

Por cor de disputa compreendo que a corda tenta mas não remói

Por cor de batuta compreendo que a corda tenta mas não mói

SOBRE COR E AVIDA

Sonolenta e sem cor a vida estabelece adaptações às emoções

Opulenta e sem cor a vida esclarece emoções e distrações

Suculenta e sem cor a vida emudece distrações e furacões

corpulenta e sem cor a vida entristece furacões e distorções

Sedenta e sem cor a vida emburrece distorções e gradações

Desatenta e sem cor a vida enrijece gradações e violações

Briguenta e sem cor a vida evanesce violações e adaptações

SOBRE COR E A PALAVRA

Então não apoquente, sobre cor e palavra entro em desacordo com a falsa métrica

Então não esquente, sobre cor e palavra entro em desalinho com a falsa estética

Então não invente, sobre cor e palavra entro em desagravo com a falsa fonética

Então não aguente, sobre cor e palavra entro em desconforto com a falsa ética

Então não saliente, sobre cor e palavra entro em desistência com a falsa dialética

Então não frequente, sobre cor e palavra entro em densidade com a falsa sintética

Então não aponte, sobre cor e palavra entro em decisão com a falsa aritmética

SOBRE A COR E O ACORDO

De acordo com a cor, o acordo que se faz é a diluição do contentamento acordado entre linhas

De acordo com a cor, o acordo que se faz é a diminuição do abastecimento despertado entre picuinhas

De acordo com a cor, o acordo que se faz é a retaliação do afastamento combinado entre circunvizinhas

De acordo com a cor, o acordo que se faz é a reposição do discernimento desfalcado entre choninhas

De acordo com a cor, o acordo que se faz é a substituição do andamento alicerçado entre espezinhas

De acordo com a cor, o acordo que se faz é a diminuição do movimento contemplado entre coisinhas

De acordo com a cor, o acordo que se faz é a desconstrução do aumento distanciado entre firulinhas

SOBRE A COR E A NOTA

Noto que a cor entre o dó e o ré, compõe as notas em potências decimais e sobrevive

Noto que a cor entre o ré e o mi, compõe as notas em memórias desiguais e transgride

Noto que a cor entre o mi e o fá, compõe as notas em distâncias memoriais e ressurge

Noto que a cor entre o fá e o sol, compõe as notas em falências bestiais e prossegue

Noto que a cor entre o sol e lá, compõe as notas em saliências fenomenais e revive

Noto que a cor entre o lá e si, compõe as notas em competências brutais e permanece

Noto que a cor entre o si o do compõe as notas em resiliências guturais e apetece

SOBRE A COR E O SILÊNCIO

Cada parte entre a cor e o silêncio aparece na fala mesmo que escalpelada pela injúria

Cada sorte entre a cor e o silêncio carece da fala mesmo que desconcentrada pela penúria

Cada porte entre a cor e o silêncio entorpece a fala mesmo que descabida pela alegoria

Cada suporte entre a cor e o silêncio entristece a fala mesmo que caída pela euforia

Cada morte entre a cor e o silêncio emburrece a fala mesmo que contraída pela lamúria

Cada norte entre a cor e o silêncio anoitece a fala mesmo que falida pela espúria

Cada consorte entre a cor e o silêncio permanece na fala mesmo que caída pela luxúria

Na cor a natureza pede silencioa

Na cor há natureza pedindo silencio

Na cor na natureza, pede-se silencio