Aqueles Dias
Existem aqueles dias
Em que preciso do barulho
Em que preciso da luz que vem de fora
Para fugir da insanidade que é minha vida
Existem aqueles dias
Em que sonhar parece absurdo
Porque todos os pesadelos
Resolveram perambular perto do mundo real
Existem aqueles dias
Em que meu amor por você
Facilmente se transformaria numa risada maníaca
E eu assistiria você afundar na escuridão
Como se fosse eu que não me importasse
Existem aqueles dias
Em que palavras doces soam enjoativas
E toda a amargura se impregna em mim
Como se fosse normal demais para ser ignorada
Como se fosse demais parte de mim para ser rejeitada
Existem aqueles dias
Em que não vivo, apenas vago
Em que não reflito luz, sou apenas sombra
Em que ocupo espaço, mas não contribuo
E a lua está virada para o lado errado
E as estrelas não brilham o suficiente
Tudo o que me importa está longe
E nem mesmo as lágrimas se dignam a aparecer
O amor tornou-se medo
O medo tornou-se apatia
E a apatia, por fim, tornou-se nada
Ainda estou sentada sob uma luz artificial
Tentando desesperadamente não enlouquecer
Enquanto você vaga por algum lugar
Afogando seu próprio medo com seus próprios métodos insanos
Tudo entre nós é pesado
Eu sou a criança, eu sou a vítima
Eu sou a bruxa, eu sou a vilã
Tu és a marionete, tu és o mestre
E o ar parece cada vez mais insano
À medida em que a noite avança
Tu não vais me procurar antes do sol nascer
Dormirás num canto qualquer
Bêbado do teu próprio pavor
E eu vou adormecer à luz da lua
Porque hoje é um daqueles dias que precisa acabar