REFLEXÕES SOBRE A EXISTÊNCIA
REFLEXÕES MUNDANAS SOBRE A EXISTÊNCIA
Você tem que ser alguma coisa. Porque afinal você existe, come, bebe, dorme e procria. O problema é sabermos o que afinal somos? Podemos ser aquilo que os outros acham que somos, mas sabemos que isto não somos. Muitos se aceitam assim e tentam viver dentro de algum figurino. Porém se frustram logo e frustram os outros também. Se tentarmos ser nossas ideias, também teremos desapontamentos, porque nossas ideias não são nossas ideias mas ideias que alguém pensou em algum tempo e assim jamais conseguiremos ser nossas ideias.
O Pessoa falava que ele era as suas sensações, pois lhe digo que isto não é verossímil, pois o que sentimos é muito diverso e seria preciso isolar-se do mundo, para senti-las na sua inteireza. Se sentirmos todas, iremos entendê-las?
Falando com simplicidade. Podemos ser duas coisas apenas: Ou um barco de papel ao bel prazer da força da correnteza ou ao marasmo dos remansos e deixar as pessoas pensarem que somos aquilo que eles acham que somos , sem se importar se somos isso ou não, ou então podemos ser uma pedra, que briga com a correnteza, que às vezes some é engolida e assim tentaremos provar que somos alguém muito maior do que o tamanho que nos dão. Porém quando o rio abaixa, a pedra aparece tão inútil quanto o barquinho de papel. Das duas maneiras, seremos nada, a menos nada, que possa alterar o curso do rio.
Este mundo que existimos, é diferente do mundo que gostaríamos de existir. Por isso sonhamos, sonhamos tão inutilmente, quanto vivemos. A humanidade é muito grande para alguém tentar muda-la. Já nós somos muito pequenos para alguém pensar em mudar-nos.
Ser é um absurdo e um absurdo é ser. Absurdo que se insere no conceito de que ser é temer e temer ser não é viver. Tememos porque desconhecemos o sentido das coisas, da vida e da morte. Estamos dentro de uma caixa e somente poderemos enxergar dentro dos limites da caixa e compreender os fenômenos que ocorrem dentro da caixa, fora dela é só mistério. O pior é que não nos vemos dentro da caixa.
Logo seremos sempre incompletos e incompetentes. Esta incompetência humana de não saber e não poder descobrir o que precisa ser descoberto, virará cedo ou tarde, frustração, alheamento ou arrebatamento.
A verdade é que ninguém aprende a existir. Por isso, viver dói tanto.