O protesto das palavras

Palavras... palavras? Palavras! Sim, palavras.

Parece que elas mudam se mudamos o ponto;

Trazem emoções, luz, duvidas em suas clavas,

Ou reflexões, como nesse arranjo que monto.

Às vezes venenosas sem sacudirem seus guizos

Caem do pensamento, quais, cabelos dos calvos,

ousadas e austeras são como os dardos precisos,

Que os neurônios destros acertam bem nos alvos...

Nem todas as falas são retas ou mesmo incisivas,

Ocultam os pensamentos como aos seios a blusa;

Violam ao silêncio sem motivo, porque, evasivas,

Nos lábios daquele que, só como máscara as usa...

Às vezes posam de loucas para serem inimputáveis,

Mas sua loucura disfarça um senso muito perverso;

Conhecem os corações, os seus pontos inflamáveis,

Acendem paixões pra incinerar um erro nelas imerso...

Ah, palavras essas amplas e internas fontes termais,

laboram segundo propósitos, e sempre buscam fins;

Certamente que elas nos fariam superar aos animais,

Naturalmente, se nossos corações não fossem tão ruins...

Eles têm balidos, grasnares, berros, cacarejos honestos,

Nem sempre se pode adjetivar desse modo, o nosso som;

a presente ordem unida sabe a razão dos seus protestos,

seriedade ou silêncio, que verdade seja o “sine qua nom”.