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Amo ser eu, e não saber o que é? Pra que é?
No entanto, amo a possibilidade de ser qualquer outra coisa, que não eu.
Algo que não foi pensado e que não foi sentindo, por causa de uma desatenção, ás vezes por não saber como sentir.
Como uma velha senhora, a beira do fogão a lenha, olhando pela janela, achando que chove lá fora, que esquece que chove por cima de sua cabeça
Amo ser eu, e pensar que vou morrer
amo esta morte e a condição de ficar eternizado no esquecimento
(porque os corações que me carregarem também morrerão
e serão esquecidos).
Amo quando me esqueço de algo, como se o tempo não tivesse passado por aquele instante. E a vida fica como um conto antigo, um déjà vu ou uma parede pixada que a gente vê numa viagem à capital pela janela do ônibus.
As vidas carregam o tempo e este não pode retribuir, nem faz questão.
E eu amo isto também.