Epitáfio
Quando a morte me sorrir,
Não deixes às cinzas o meu enredo,
Permitas a minha carne, misturar-se
Às sombras dos arvoredos;
Que neste instante breve e suave,
Minha passagem não seja
O arremedo de toda minha vida.
Portanto, em meu último suspiro
Avenha, uma saudade vivida!
D'um beijo doce que vingou,
Feito manga madura no pé,
No cheiro e gosto de tua saliva,
Qual perfume de um bom café!
No Sol batendo na face, e,
Adentrando as partes íntimas
Aflorando assim o desejo...
Simplesmente por estar viva!
No transbordar de tu em mim,
No vazio-cheio que é a saudade,
Nas enchentes que te causei, sei,
Fomos mais que duas metades!
Porém, que nestes lábios pálidos e
marmóreos, não fique só um olhar
perdido no vácuo, no incorpóreo,
D'um beijo adivinhado, mas nunca
dantes provado!]
Deixo-te, mas quero levar,
A brisa quente do teu arfar,
E teu sorriso como abrigo!
Inda em meu último suspiro,
Lembrar-me-ei que um dia
Fui a causa do teu suspiro...
Meu gosto será em ti,
águas doces de um rio sereno
vazante em tua face...
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