VOU ABANDONAR-ME
Vou abandonar-me nesses versos,
Desnudar a minha alma que insiste em empurrar-me
Desse precipício que é a vida.
Vou alçar voo rumo ao reino das palavras,
A clausura dos meus sentimentos
Já não é suficiente para conter
O magnetismo que me atrai a elas.
Sou andarilho nesse mundo,
Não tenho eira nem beira.
Quero apenas um papel e uma caneta,
Quero apenas uma rima bem feita
Que liberte-me para essa vida
E torne meus versos livres.
Vou abandonar-me para que outros me encontrem,
Despir-me do obsoleto,
Esquecer o perfume bucólico das lembranças,
Flagelar-me sem dó na consciência
Com o amor verdadeiro e a paixão mais intensa.
Quero encontrar-me abandonado
Em qualquer canto da prateleira mais empoeirada da estante.
Quero ser esquecido para ser lembrado por cada verso de quem eu sou.
Habitarei as entrelinhas ou o rodapé de cada página,
Estarei aqui enquanto houver palavras,
Estarei ali enquanto houver leitor,
Permanecerei enquanto houver história.