CAVALGADA

Comprei arreios de prata

pra o meu desejo encilhar.

E lá me fui, sonho a fora,

em busca de uma querência

onde sempre quis morar.

Montei no Tempo tordilho

tirando lascas de rimas

dos versos que repontei,

em busca de uma querência

que onde fica eu nem sei.

Nas quatro patas do vento

tropei noites e dias

por longa estrada batida,

em busca de uma querência

nos verdes campos da vida.

Perdido entre sóis e mundos,

dormi no colo da noite

atando a lua ao sovéu,

em busca de uma querência

entre as canhadas do céu.

Deixei meu berço de auroras

por terras onde o sol morre

sem o pranto do luar,

em busca de uma querência

que nunca pude encontrar.

Tendo as ondas por lombinho,

por sete mares andei

vivendo de azul e de espuma,

em busca de uma querência

sem jamais achar alguma.

Grimpei morros, subi serras

em perdidos horizontes

tendo o sol sempre adiante,

em busca de uma querência

cada vez bem mais distante.

Nadei rios e primaveras

até que o tempo pintasse

meus cabelos de geada,

em busca de uma querência

que me era sempre negada.

Encontrei a morte andeja

em mundéu de noite escura.

Como eu, também andava

em busca de uma querência

que não fosse a sepultura.

Afinal, perto da morte

- tantos anos já vivi -

entre os vãos da minha porteira

achei a amada querência

no lugar onde nasci.

Waldy Würdig
Enviado por Waldy Würdig em 30/08/2014
Código do texto: T4942934
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