REFÚGIO DE PERPLEXIDADE
Juliana Valis




Não sei , não sei quais ímpetos de sol

Assim nos prendem à desfaçatez do mundo,

Como intrépida dor , no fim, perdida

Entre a lágrima e o riso que se pretenda profundo,

No afã hipócrita da mesmice em vida...




Sinceramente, não sei o que saber de prático,

No dever, direito às máscaras sociais,

Sempre, sempre iguais à tolice efêmera das horas,

Sem resquícios ou demoras de uma simples paz...




Pois não se vendem conclusões nas feiras do sucesso,

Se é que há sucesso em cada ato frívolo, nas sutis manhãs,

Nada é tão profícuo quanto a inócua luz de um verso,

Neste universo iníquo das aparências vãs...




Mas a poesia é o refúgio dos corações incautos,

Dia e noite, na velocidade loquaz de um subterfúgio,

Assim, no etéreo enigma dos sobressaltos,

Nesses altos e baixos que a vida sempre traz...





Ah, dilua-se a chama da hipocrisia nesses vendavais !

Sempre, sempre iguais, em diferentes formas,

Enquanto os estúpidos tolhem toda nossa paz,

O verso mais loquaz se despe de letras, normas,

Tornando-se só refém de linhas marginais...




Bem ou mal, não sejamos descartáveis, entre baixos, altos,

Não sejamos tolos réquiens desse injusto mundo !

Poesia é sempre o refúgio dos corações incautos,

Nas frações mais céleres do sonho mais profundo.



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