A LUZ

Quando a luz vem à tona,

A noite dorme e ressona,

Nos seus espantos e fadigas,

Até no cume do túmulo deserto,

As almas umas às outras se chegam perto

Deixando os ferros, e deixando as brigas.

E os assustadores vultos aflitos,

Se acalmam, e acalmam-se os gritos.

Onde era uma escuridão,

O que era medo se torna coragem,

Dando aos vultos outra imagem,

E o que era berro, vira canção.

Quando a luz aparece, em lugar de espanto

Vive-se alegria, em vez de pranto,

Sobre o chão do cemitério,

E as flores que ali habitam,

Distraem os olhos que fitam,

A beleza e o mistério.

Quando o dia amanhece, as almas não existem,

Nem de briga viver consistem,

Tampouco os ferros e os seus tinidos,

São coisas da imaginação,

Que sem consistência de viver serão

Isolados no mundo, e esquecidos.

Autor; Gionaldo S. Lopes

Nota! Recomendo ao leito que leia também "A Escuridão" de Gilson Albarracin.

Gionaldo Lopes
Enviado por Gionaldo Lopes em 19/08/2014
Código do texto: T4929176
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