A LUZ
Quando a luz vem à tona,
A noite dorme e ressona,
Nos seus espantos e fadigas,
Até no cume do túmulo deserto,
As almas umas às outras se chegam perto
Deixando os ferros, e deixando as brigas.
E os assustadores vultos aflitos,
Se acalmam, e acalmam-se os gritos.
Onde era uma escuridão,
O que era medo se torna coragem,
Dando aos vultos outra imagem,
E o que era berro, vira canção.
Quando a luz aparece, em lugar de espanto
Vive-se alegria, em vez de pranto,
Sobre o chão do cemitério,
E as flores que ali habitam,
Distraem os olhos que fitam,
A beleza e o mistério.
Quando o dia amanhece, as almas não existem,
Nem de briga viver consistem,
Tampouco os ferros e os seus tinidos,
São coisas da imaginação,
Que sem consistência de viver serão
Isolados no mundo, e esquecidos.
Autor; Gionaldo S. Lopes
Nota! Recomendo ao leito que leia também "A Escuridão" de Gilson Albarracin.