Ainda sou o mesmo
ainda reviro escombros
procuro por vaga-lumes na escuridão
rastejo pelas noites de concreto
labirintos de rostos emaranhados de mentiras
ruelas descaminhos bifurcações
ainda me rasgo
me lacero
dilacero
ainda me nego
a acreditar que tudo é o que é e pronto
ainda busco uma resposta para o que dói
ainda sujo as unhas cavando
os olhos das pessoas em busca da verdade
ainda sangro a cada despedida
ainda desperdiço horas pensando no passado que não volta
pondo dedos nas feridas
fechando janelas para que a manhã não me ache
ainda sou o mesmo enigma simples
sem solução.