Os caminhos...

Os caminhos são sempre dois,

Pode-se pegar um e o outro depois...

Mas cuidado para não se esquecer

De voltar caso se arrepender...

Porque um tem imenso portão,

O outro apenas um pequeno vão...

Um o chão é de puro granito,

Bonito, mas o tombo gera grito...

O outro pode ter areia ou terra

A mesma que a todos enterra...

Se fores por ele cheio do orgulho

Encontrarás no chão pedregulho...

Num caminho o rio acompanha,

Sua água refrescante assanha...

O incauto se joga nela sem zelo,

É certo não mais tornar a vê-lo...

O outro tem árvores muito altas,

Difícil subi-las se coragem faltas...

Recompensa encontra na fruta boa

E proteção do sol quente ou garoa...

Por certo caminho vai-se com poucos,

No outro te acompanham muitos loucos...

Na trilha de um se escutam cantos,

No outro, risos tornados em prantos...

O trajeto de um é reto e descida,

É o pior, porém o tolo duvida...

O outro é acima com curvas fechadas,

O humilde passa com pernas treinadas...

Num caminho pode-se tornar refém,

No outro, anjos te guiam e te sustém...

No primeiro irás de mão com o egoísta,

No segundo incentivo pra que não desista...

Ambos os caminhos ocultam no começo,

Portanto o prudente paga menor preço...

Na verdade o largo se torna estreito,

O teto desce e só passo quando me deito...

O outro é ao contrário, sem ilusão,

Se abre segundo há no amor intenção...

É dotado de Corrimão e de todo Apoio,

Nele se separa o trigo do joio...